O Carnaval Carioca de 2012 foi
diferente. Marca a renovação do Sambódromo,
com a construção das arquibancadas do lado direito, quase que, exatamente igual
ao projeto original de um tal de Oscar Niemeyer.
O Sambódromo, inaugurada em 1984,
é resultado de uma, das muitas, viagens
do Darcy Ribeiro. São muitos
os fatos curiosos, relacionados ao projeto!
Cito, por exemplo, o espaço lá do
final que o Darcy chamou de Apoteose. Não sendo ele exatamente um especialista
em desfiles de escolas de samba, sacou de uma dessas elucubrações, a imagem
linda, maravilhosa, socializante, que ocorreria depois de encerrado o desfile
oficial (cronometragem encerrada) com cada escola se encontrando com o povo e,
tudo misturado, houvesse uma confraternização, anárquica, porém alegre, feliz,
uma “geléia geral”.
No primeiro ano, novidade
absoluta, as escolas não sabiam o que fazer e como usar o novo espaço. Com o
passar do tempo, aquela área acabou servindo para facilitar a dispersão das
escolas e seus monstruosos carros alegóricos e para os megas eventos e espetáculos musicais.
Outro episódio interessante foi
uma reportagem do “Jornal Hoje”, da Globo[1],
por ocasião da inauguração. Foi mais ou menos assim: a repórter levou o Oscar
Niemeyer para andar no piso do Sambódromo, no dia que iria ocorrer o primeiro
desfile[2].
Era uma entrada “ao vivo” e encerraria a edição daquele dia. Foram andando e
ela dizendo algo semelhante a “...estão dizendo que a obra é cara, que
descaracterizará a cultura popular, vai virar um ‘elefante branco...”. Ele,
andando e, ouvindo pacientemente. Um dado momento ela parou e ficou esperando a
reação dele para a provocação. Ele, então falou, sem expressar muita emoção,
sem alterar o tom de voz, apenas fez um gesto de abrir os braços, de forma mais
ampla: “É, taí...”. O conjunto, voz + expressão corporal, eu assim interpretei,
na verdade, estava dizendo: “É, vocês que sempre criticam, sempre procuram um
lado político, desta vez vão se ferrar”. Nota importante: o governador era Brizola, Darcy era o Secretário
de Educação e Oscar, comunista assumido. Fica claro que a coisa não seria muito
fácil.
Depois disso, a ideia acabou se
alastrando, pelo Brasil afora, em muitos Estados[3].
Lá já aconteceram shows de música, cultos evangélicos, exibições de
motociclismo, lutas marciais, ópera etc. Alguns desses promovidos ou apoiados
pela Globo!
As curvas do tempo
Revan
Ano: 1998
294 páginas
395g
|
Por meio do livro “As
curvas do tempo” pode ser conhecida a versão de Niemeyer para tantos
episódios da recente história brasileira. Nesse livro ficam revelados pontos
essenciais da personalidade dele, no campo político e sua militância, no
lado humano, a proteger e valorizar as pessoas, em geral e particularmente
aquelas que com ele conviveram e conquistaram o seu gostar.
Por exemplo, na página 98[4]
ele fala de um amigo e parceiro, que passou por momentos dramáticos com o episódio
da queda da cobertura do Parque de Exposições da Gameleira (Belo
Horizonte – MG): Joaquim
Cardozo, responsável de muitas das obras projetadas por Niemeyer. Faz a
defesa, sutil, do amigo e poeta.
Mas, isso é história para outra postagem que, prometo, sobre a qual, voltarei a escrever.
Vale a pena ler o capítulo e o
livro.
[1] Já
procurei o vídeo no Youtube e não achei.
[2] Acho
que a repórter era uma negra, de nome Ana ou Ângela Davis. Quem souber, ajude
aí.
[3] Para
conhecer outras "passarelas do samba", inspiradass no Sambódromo do Rio: http://pt.wikipedia.org/wiki/Samb%C3%B3dromo
[4] O
livro não é dividido em capítulos, não tem índice!
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